Webinar Física ITA - Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) - 21/10 às 15h

Data do Evento: 
quarta-feira, 21 Outubro, 2020 - 15:00

Webinar: RMB - Reator Multipropósito Brasileiro: um empreendimento estruturante para a área nuclear do país.

Palestrante: José Augusto Perrotta
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
Coordenador Técnico do Empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).

Link do google meet:  meet.google.com/jxj-qame-tpc

 

Reator nuclear de pesquisa é uma infraestrutura de investigação básica e tecnológica que permite, de uma forma ampla, a aquisição de conhecimento, experiência e formação de recursos humanos no estabelecimento de uma base para um programa nuclear, para fins pacíficos, de um país. Além disso produz, de uma forma específica, produtos e serviços para diversas áreas como, por exemplo, medicina, indústria, meio ambiente, dentre outros. O Brasil possui quatro reatores nucleares de pesquisa em operação. O mais antigo, e também o de maior potência (5 MW), é o reator IEA-R1 do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN em São Paulo que foi inaugurado em 1957. Outros dois reatores de pesquisa de baixa potência: o reator IPR-R1 do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear – CDTN em Belo Horizonte (100 kW); e o reator Argonauta do Instituto de Engenharia Nuclear – IEN no Rio de Janeiro (500 W); foram construídos na década de 60. Esses três reatores, de projetos norte-americanos, foram construídos dentro dos campi universitários da USP, UFMG, e UFRJ respectivamente, e originaram os principais institutos de pesquisas nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, os quais se desenvolveram à proporção do tamanho dos reatores e de suas aplicações. Esses reatores e os institutos da CNEN que cresceram ao seu redor foram fundamentais no desenvolvimento e utilização de tecnologia nuclear que temos hoje no país, e na formação dos recursos humanos associados. O quarto reator nuclear de pesquisa, o reator IPEN/MB-01, localizado no IPEN, é uma instalação do tipo unidade crítica (100 W) e foi construído na década de 80, já com tecnologia nacional, visando o desenvolvimento autônomo da tecnologia para reatores nucleares de potência. O Brasil possui duas centrais nucleares de geração de energia elétrica em operação (Angra 1 e 2), e uma terceira central em construção (Angra 3). O país dispõe de reservas consideráveis de urânio e desenvolve tecnologia autônoma no ciclo do combustível e produção de combustíveis nucleares para os seus reatores. O país também desenvolve a propulsão naval por meio nuclear, que é um ponto estratégico à defesa nacional. As aplicações de técnicas nucleares são de grande extensão e importância no país. Dentre essas aplicações cabe destaque a aplicação social com a utilização de radiofármacos tanto para o diagnóstico como para uso terapêutico na medicina nuclear, propiciando cerca de 2 milhões de procedimentos por ano no Brasil. Os radioisótopos que viabilizam a produção dos radiofármacos, e realização desses procedimentos, são produzidos, em sua maioria, em reatores nucleares de pesquisa. 

 

Os reatores de pesquisa existentes no Brasil não têm capacidade para produzir esses radioisótopos em escala comercial, o que acarreta uma forte dependência do país em relação aos fornecedores estrangeiros. Em 2009, a crise mundial de fornecimento do radioisótopo molibdênio-99, utilizado na produção de geradores de tecnécio-99m que são utilizados em mais de 80% dos procedimentos com radiofármacos na medicina nuclear, mostrou a vulnerabilidade do Brasil para atender os mais de 5 mil procedimentos/dia que necessitam desse radiofármaco. É consenso, entre os especialistas da área nuclear brasileira, a construção de um novo reator de pesquisa em suporte às atividades do programa nuclear brasileiro, com ênfase na nacionalização da produção dos radioisótopos utilizados na medicina nuclear. O empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), estabelecido como meta do Plano de Ação em Ciência Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, alinha-se com as políticas estratégicas referentes ao programa nuclear brasileiro. O Empreendimento RMB disponibilizará ao país um reator nuclear de pesquisa multipropósito e toda uma infraestrutura de laboratórios e instalações para atender às necessidades nacionais relativas à produção crescente de radioisótopos para aplicação médica, além de propiciar o suporte ao desenvolvimento tecnológico nuclear para as áreas de energia e propulsão naval, auxiliar no desenvolvimento científico e tecnológico nacional contribuindo fortemente à inovação, e, também, contribuir à formação de recurso humano especializado. Os laboratórios do RMB terão caráter de laboratórios nacionais, disponíveis para a comunidade científica do país, e particularmente, em relação à utilização de feixes de nêutrons, deverá ser um laboratório nacional em complemento ao Laboratório Nacional de Luz Sincrotron de Campinas. O empreendimento será instalado em uma área de mais de 2 milhões de metros quadrados no município de Iperó (SP), o que possibilitará também que o RMB se torne um grande centro de pesquisa tecnológica, a exemplo do ocorrido com os outros reatores e centros de pesquisas nucleares nacionais. O Empreendimento RMB, novo instituto da CNEN, será instalado em terreno vizinho ao Centro Experimental ARAMAR da Marinha do Brasil, tornando o local no maior polo de desenvolvimento de tecnologia nuclear do país. Dessa forma, pode-se afirmar que o RMB é um projeto estruturante e de arraste tecnológico para o setor nuclear e de importância fundamental para viabilizar políticas públicas e objetivos estratégicos de C&T&I do país. A palestra versará, principalmente, sobre o histórico, as principais características e o estado atual de desenvolvimento do empreendimento.

 

Palestrante: José Augusto Perrotta, 62 anos, Engenheiro Civil (IME-1977), Mestre em Engenharia Nuclear (IME1980) e Doutor em Tecnologia Nuclear (IPEN/USP-1999). Tecnologista Sênior da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), exercendo a função atual de Coordenador Técnico do Empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Atua na área nuclear desde 1978, com ênfase em engenharia e tecnologia do núcleo de reatores nucleares. É especialista em reatores nucleares tipo PWR e reatores nucleares de pesquisa, e em gestão de projetos da área nuclear.

 

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